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Estudo mapeia perfil do e-consumidor brasileiro

O uso de redes sociais não determina, por si, tendência maior ou menor ao consumo online, mas quem já teve problemas com vírus e malware tem, sim, maior probabilidade de comprar via web. Essas são algumas das revelações do estudo “Vendas on-line no Brasil: Uma análise do perfil dos usuários e da oferta pelo setor de comércio”, realizado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e que foi divulgado na manhã desta quinta-feira (2/6).

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No estudo, o Ipea procurou descrever um perfil do brasileiro que consome online – grupo que, segundo os dados apresentados, representa 19% do total de internautas do país – e, também, fornecer mais detalhes sobre um setor que, entre 2003 e 2008, viu seu faturamento crescer 145%.

É importante ressaltar que, na produção do relatório, o Ipea baseou-se, entre outras informações, em dados da pesquisa TIC Domicílios 2009, realizada pelo Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br). De lá para cá, ocorreram a febre das compras coletivas (em 2010) e a explosão no uso de redes sociais, como o Twitter e o Facebook.

“A evolução das tecnologias de informação e comunicação (TIC), associadas à emergência de novas técnicas de logística e gerência da cadeia de suprimentos, levou a uma revolução do processo de compra e venda do setor varejista”, constata o Ipea, no relatório.

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O estudo ressalta, contudo, que essa evolução se faz mais presente nas grandes cidades que nas cidades menores. “Nestes locais, a situação do comércio é basicamente a mesma dos anos 1950”, sustenta. O instituto também relaciona as mudanças no comércio à ampliação do acesso à Internet.

Dois pontos
O Ipea avaliou o comércio eletrônico a partir de dois pontos de vista: dos usuários e das empresas. O estudo identificou tanto o perfil dos usuários de e-commerce – com base nos dados da pesquisa TIC Domicílios 2009 – como os principais aspectos da evolução do setor no Brasil (com base em dados históricos do IBGE e do Banco Central).

Em relação ao perfil dos usuários, a pesquisa apurou que, dos 63 milhões de internautas que o país tinha em 2009, cerca de 19%, ou 11,97 milhões, são compradores pela Internet. O Sudeste é a região que tem a maior fatia de internautas que consomem online: 23%. Em seguida vêm as regiões Sul (20%), Norte e Centro-Oeste (com 19% cada) e Nordeste (12%).

Nas áreas urbanas, a fatia de compradores online é maior que nas áreas rurais. Dos internautas urbanos, 20% compram na web. Entre os que moram nas zonas rurais, esse índice é de 9%.

Em termos de classe econômica, a que mais consome online é a A (59%). A classe B responde por 33% das compras online e a C – na qual, segundo o IBGE, já se encontra a maior parte da população – tem 13%. Dos internautas das classes D e E, juntas, 5% dos indivíduos já compraram online.

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Mais velhos, mais compras
Na categorização por idade, a maioria dos internautas que compram online (29%) está na faixa entre 35 e 44 anos. Os grupos de internautas entre 25 e 34 anos e entre 45 e 49 anos têm o mesmo peso – 26% – enquanto internautas entre 16 e 24 anos formam 18%. Além disso, o porcentual de internautas homens que compraram online (22%) é maior que o de mulheres (17%). E a maioria (41%) afirmou ter ensino superior.

O relatório do Ipea também buscou determinar, com base em várias categorias de dados, quais variáveis influenciam a escolha de comprar ou não produtos e serviços pela Internet. Foram cruzados dados sobre acesso a e-mail, uso de sites de busca, inscrição em redes sociais, idade, sexo, classe social, nível de educação e habilidades digitais, entre outros. Com base nisso, o instituto calculou um coeficiente que indica o grau de influência da variável na decisão de compra pela Internet.

Os resultados apontam, por exemplo, que moradores da região Norte têm maior probabilidade de serem consumidores online que os da região Nordeste. Da mesma forma, membros das classes A e B são mais propensos a comprar online. Homens têm maior tendência a consumir via Internet, mesma condição dos indivíduos mais velhos em relação aos jovens.

Mais curiosas são as relações entre o uso de certas tecnologias e a propensão a consumir online. Segundo o estudo, indivíduos que já tiveram algum problema com segurança da informação são mais propensos a consumir na web. Quem utiliza serviços de voz pela Internet (VoIP) e manda arquivos com anexo também possui maior probabilidade de aderir ao consumo virtual.

O Ipea também destaca a “ausência de significância estatística da variável que indica a participação em redes sociais”. Ou seja, um indivíduo que participa de redes sociais não teria, com base apenas nessa variável, propensão especial ao consumo online.

“Esperávamos que houvesse um efeito positivo e significante desta variável sobre o consumo de bens e serviços pela Internet”, afirmou o Ipea, no relatório. Uma hipótese levantada pelo instituto para justificar a descoberta é que essas redes são utilizadas predominantemente por jovens, categoria que tem menor probabilidade de consumo na comparação com os mais velhos.

O número de horas que a pessoa navega na web também interfere de forma positiva na probabilidade de consumo online, afirma o Ipea. Há, no entanto, um efeito colateral: quanto mais tempo o internauta fica na rede, menor essa influência.

E-commerce e produtividade
No que diz respeito ao comércio varejista na Internet, o Ipea destaca o forte crescimento do setor entre 2003 e 2008, no qual o número de empresas aumentou de 1.305 para 4.818 e a receita total, de 2,4 bilhões de reais para cerca de 5,9 bilhões. No entanto, o instituto ressalta a inexpressividade do setor em relação ao varejo brasileiro. “As 4.818 empresas que vendiam pela Internet [em 2008] correspondiam a apenas 0,4% do total de empresas varejistas. Sua receita pela Internet era inferior a 1% do total da receita do varejo”, afirma o comunicado.

Outro dado levantado pelo Ipea aponta que o comércio não especializado, representado por hipermercados, supermercados, lojas de departamento e outros, corresponde a 25% do total de vendas online do varejo no Brasil. As lojas especializadas respondem por 93% do número de empresas e 73% do total de vendas pela Internet.

Segundo a pesquisa, a categoria econômica com mais lojas na Internet é a de material de construção: são 1.701 firmas, ou 37,8% do total. Artigos farmacêuticos e de perfumaria – a segunda maior categoria – são representados por 707 empresas. Apenas 23 firmas (0,5%) foram classificadas na categoria de eletrodomésticos e equipamentos de áudio e vídeo; no entanto, em valor, a categoria – que teve receita bruta de 465,7 milhões de reais em 2008, ou 11% do total – só é superada pela de artigos culturais, recreativos e esportivos (que incluem CDs, DVDs e livros), que faturou 482,6 milhões.

No relatório, o Ipea conclui que a adoção do e-commerce “contribui positivamente para a produtividade das firmas que optaram pelo comércio eletrônico”. Além disso, o instituto afirma que a produtividade das empresas que não adotam o e-commerce seria maior se utilizassem a tecnologia. Ao apontar a importância do setor de serviços na criação de novos empregos e a baixa remuneração média por pessoa no comércio, o relatório conclui que “a baixa produtividade do setor de serviços em geral, e do comércio em particular, deveria ser objeto de maior atenção por parte das políticas públicas”.

Texto por: http://idgnow.uol.com.br/internet/2011/06/02/estudo-do-ipea-mapeia-perfil-do-consumidor-online-brasileiro/#&panel2-1

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