Portais corporativos
Apesar do número crescente de empresas migrando muitas de suas atividades para a internet, criando intranets e aos poucos aumentando a sua dependência tecnológica, o sonho do portal corporativo, ainda não é uma realidade para um grande número de empresas, que consegue quando muito, a criação de um pequeno conjunto de páginas destinadas à divulgação de seus produtos, mas cuja utilização nada tem a ver com a racionalização dos processos operacionais internos ou a comunicação com seus clientes atuais ou futuros, em atividades de ataque agressivo ao mercado, utilizando o ambiente virtual de aprendizagem.
Os portais corporativos são localidades na rede mundial de comunicações orientadas para os negócios da empresa e para o relacionamento com a sua cadeia de valor organizacional. Mas, para que eles representem uma ferramenta de racionalização e melhoria de desempenho, ainda temos um longo caminho a percorrer, principalmente com relação à mudança da cultura da forma como desenvolver trabalhos na rede.
Nos dias atuais, as empresas ainda preocupam-se com o desafio de como lidar com um tamanho volume de informações, como aquele que é colocado diariamente nos milhares de páginas que são publicadas e qual o grau de confiabilidade que estas informações possuem. Os dados colocados na rede podem não representar informações reais.
A grande maioria dos portais ainda trabalha na perspectiva de ser uma ferramenta complementar para uso pelo setor de gestão de pessoas, facilitando a comunicação e desenvolvimento de atividades destes setores. Eles ainda não estão voltados para o desenvolvimento de trabalhos da empresa em um novo mercado, ao qual nos referimos anteriormente, o e-market.
Em nossos cursos, seja para alunos ou para empresas, observa-se um grande interesse sobre como montar e sobre a funcionalidade dos portais corporativos, o que revela um possível crescimento em nível elevado nos próximos anos. Esta intenção consta dos objetivos de curto prazo no planejamento de muitas empresas, que estão com dificuldades na manutenção de seus níveis de competitividade no mercado atual.
Assim, como adição ao uso de intranets, extranets, apresentação da empresa nos seus sites institucionais que ainda não representam os portais, acredita-se que eles vieram para substituir o processo de informação, transformando-se em um local de interação e de desenvolvimento de negócios.
Porém, apesar de fazer parte dos objetivos de curto prazo das empresas, podemos observar um quase que total despreparo das empresas, que ainda confundem o trabalho com intranets departamentais descentralizadas e fragmentadas, sem nenhuma integração, considerando-as como portais, quando na realidade elas apenas são ferramentas para melhoria de comunicação interna e racionalização de trabalhos, via a automação de escritórios. A amplitude de um portal corporativo é muito maior e as suas finalidades totalmente diversificadas.
Se a vantagem dos portais corporativos é tão sensível e a necessidade da ida da empresa para o virtual é inadiável, porque os portais ainda não foram instalados ou se foram, ainda se mostram incipientes com relação à sua utilização? O fator resistência é um dos pontos de justificativa. O desconhecimento de um mercado sob o estigma da pornografia ou de brincadeira de crianças e da juventude nas redes sociais é outro ponto citado como medo das empresas, no desenvolvimento de atividades no ambiente virtual. Porém, o despreparo para encarar de forma diferenciada o fornecedor, o cliente, a própria sociedade como extensões da empresa, como o “outro” a ser considerado e respeitado é o principal motivo da forma incipiente como eles são utilizados.
Não basta colocar uma página inicial bonitinha, com alguns ícones que impressionam, com programas de animação que dão um aspecto lúdico, com um grande volume de informações, se eles não são utilizados como um meio de comunicação da empresa com o mundo exterior, ativo e interativo, rompendo os limites do contato estático e linear com que os portais ainda são projetados.
É indiscutível que os portais representam para a empresa o trabalho com um processo complexo. O portal já é por sua natureza tecnológica algo complexo para muitas pessoas, menos para seus programadores. O despreparo da empresa no desenvolvimento de trabalhos sem “conhecer o outro” fundamentando seu relacionamento em novas formas de comunicação desenvolvidas com a mediação tecnológica, nos parece, porém, ser o elemento de maior complexidade a ser superado.
O elevado grau de compartilhamento de informações, o elevado nível de estruturação exigido, questões de usabilidade e ergonomia do desenvolvimento de interfaces gráficas, somente confirmam a complexidade que estes locais apresentam.
Uma das principais necessidades é que os empresários comecem a compreender o potencial dos portais corporativos, cuja força pode ser percebida quando se observa a movimentação em torno dos portais que representam “redes sociais”. A movimentação, a troca de
informações e intensidade dos relacionamentos, deixa as pessoas atônitas. O mesmo pode acontecer no relacionamento da empresa com o mundo externo, desde que os pressupostos de respeito à individualidade, presentes nas redes sociais, venham a ser adotado pelas empresas.
É indiscutível que caminhamos a passos largos para uma nova sociedade, na qual “novas formas de relacionamento”, “novas formas de comportamento social”, novos paradigmas em todas as áreas do conhecimento surgem e se impõem no dia a dia social e profissional. A atuação em portais corporativos permite que a empresa adote estes paradigmas diretamente junto com o seu público alvo.
O uso de portais corporativos deixa de ser um problema de gestão de inovação tecnológica e passa a ser visto por muitas pessoas como um problema de gestão de mudanças sociais de elevado porte, ainda não percebida pela maioria das pessoas e com conseqüências que ainda não podemos estimar com precisão.