Indústria do vestuário no Brasil – Cenário, inflação, concorrência externa
Depois de vários ciclos de expansão e contração, o Brasil finalmente tem um período consistente de crescimento econômico continuado e estabilidade econômica, que vem refletindo em seu desenvolvimento. A pergunta é: como vai a indústria do vestuário no Brasil?
O país é o quinto maior país do mundo em termos de população, e o maior da América Latina, com uma população de mais de 180 milhões de habitantes. Segundo o IBGE, o PIB brasileiro no ano de 2008 alcançou a marca de R$ 2,9 trilhões, ficando entre os 10 primeiros países do mundo no ranking do PIB. Além disso, o país conta com um nível aceitável de inflação (cerca de 7% ao ano).
Essas características econômicas e demográficas tornam o Brasil atrativo tanto para investidores nacionais quanto estrangeiros.
Indústria do vestuário no Brasil
O setor da indústria do vestuário no Brasil conta com mais de 30 mil empresas que constituem um expressivo segmente sócio-econômico, representando 17,5% do PIB da Indústria de Transformação e cerca de 3.5% do PIB total brasileiro. O faturamento aproximado em 2007 foi de US$ 34,6 bilhões (ABIT – Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção, 2007).
Ainda segundo dados da ABIT, a indústria do vestuário no Brasil é uma das que mais empregam no país, com 1.7 milhões de empregados até o final do ano 2008, dos quais 75% é mão-de-obra feminina. É o segundo maior empregador da indústria de transformação, e também o segundo maior gerador do primeiro emprego. O Brasil é o sexto maior produtor têxtil do mundo, e o segundo maior produtor mundial de denim (jeans).
Em seu primeiro balanço de 2009, a ABIT traçou o atual perfil da oferta do setor do vestuário, que conta com dados interessantes como:
- Entre 2004 e 2008 a produção nacional cresceu 16%.
- Em 2008 foram produzidas 5,5 bilhões de peças.
- As vendas da indústria somaram 30 bilhões de reais.
- A indústria nacional conta com 20 mil produtores com perfil industrial em atividade, donde 84,5% são microempresas (menos de 20 funcionários).
- Os grandes players do setor correspondem a apenas 0,3% do volume de produção.
Apesar do potencial do setor, a forte concorrência prejudica o desenvolvimento das empresas brasileiras. Os produtos asiáticos são os maiores concorrentes da indústria brasileira têxtil e de confecção, representando ameaça tanto no mercado interno quanto no externo. Uma amostra disso foi o descompasso entre consumo e produção nacional no ano de 2007: enquanto o consumo per capita anual de artigos têxteis e de confecção cresceu 9,2% no Brasil, a produção nacional por habitante/ano se elevou apenas 1,1%.
Segundo dados do MDIC (Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior), devido à baixa exigência de qualificação da mão de obra, a produção de confeccionados é marcada pela migração a países com salários relativamente mais baixos.
Tabela 4 – Custo da mão-de-obra por hora
País | Custo da mão-de-obra por hora |
Brasil | U$$ 3,27 |
China | U$$ 0,55 |
Paquistão | U$$ 0,42 |
Bangladesh | U$$ 0,28 |
FONTE: ABIT (2007)
Fonte: MDIC (2007)
A produção e o faturamento do setor vêm crescendo nos últimos dois anos. Mesmo assim as indústrias passam por momentos difíceis. Segundo dados do MDIC, é possível afirmar que, apesar de os países em desenvolvimento representarem 78% do setor de confecção mundial, a participação do Brasil é quase insignificante.
Fonte: ABIT
A ABIT denuncia alguns problemas nas importações que prejudicam a indústria do vestuário no Brasil, como: indícios de dumping e subfaturamento (o Brasil importa produtos 29% mais barato que a Argentina), inconsistência de dados de comércio, indícios de falsa classificação fiscal, indícios de falsa classificação de origem, indícios de faturas falsificadas, pirataria.
Essa concorrência desleal dos importados vem mudando o perfil do setor em nosso país. É indispensável no cenário atual que as empresas melhorem constantemente os produtos, os processos de produção e de vendas, e, principalmente, a relação com compradores organizacionais e consumidores. Para isso, tornou-se imprescindível para a indústria do vestuário no Brasil a criação de marcas com características intangíveis diferenciadas, com que o consumidor se identifique, e, consequentemente, as lojas sintam a necessidade de tê-las em suas prateleiras.
Clique aqui para conhecer o perfil do varejo brasileiro do vestuário.
Este texto que aborda a Indústria do vestuário no Brasil é parte do artigo “Comportamento de Compra das Lojas de Confecção Multimarcas – varejo de moda Brasileiro” de Marco Aurélio Lang
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Senhores, sou peruano e estou concluíndo o curso de vestuário e muito vai me ajudar todas estas suas informações. Vocês são objetivos e precisos nas suas considerações. Agradacerei muito se vocês sempre que possam enviar me material deste importante tema. Meu TCC é justamente sobre: Inicio da Industria do Vestuário no Brasil e a Industria do Vestuário Brasileiro na Atualidade. É uma pena que a América do Sul não tenha uma estrutura inteletual e de “know-how” a respeito, o correto seria nos unir e fazer do nosso continente uma força contra os países mais adiantados, estamos esperando o que?. Atenciosamente, Jorge
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quando esse artigo foi postado??
Olá, Paula… o artigo é um trabalho de conclusão de graduação de 2010.
ABRAÇO
Gostaria de saber o nome do autor deste artigo para referencia em um trabalho de pós-graduação.
Obrigada
Abraço
Olá… o nome do autor é Marco Aurélio Lang.
Olá ,gostaria de saber o ano do artigo e autor,preciso citá-lo em um trabalho academico.